Aliás...na verdade, não era assim tão simples. Digamos que havia uma certa dinâmica. Quando um rapaz (sim, eram principalmente rapazes) jogava Pokemon, havia praticamente três partes. Primeira: o rapaz que jogava. Segunda: os elementos da "claque" que viam, apoiavam e tinham permissão para jogar um pouco. Terceira: os que viam, apoiavam e NÃO tinham permissão para jogar. É verdade: nos tempos da escola primária já havia esta espécie de classes sociais, ghettos ou como lhe quiserem chamar. Havia um certo número de pessoas que podia jogar e, regra geral, era o dono do Game Boy que decidia quem se podia dar ao luxo de jogar aquele jogo tão fixe. E quem costumava jogar eram os melhores amigos do dono do Game Boy (olha que surpresa!). E estes, por coincidência ou não, eram na sua maioria os rapazes mais rebeldes e mais possessivos do recreio. Modéstia à parte, pessoas calmas e que não diziam asneiras como eu não tinham hipótese. E, de facto, não cheguei a jogar no Game Boy de outra pessoa.
Mas já estou a dispersar...enfim, havia algumas situações curiosas protagonizadas pela claque do Game Boy. A principal era quando se estabelecia o objectivo de capturar um pokemon difícil de capturar. Aí, era frequente o game boy passar por mãos diferentes. É que mesmo os donos do Game Boy achavam uma estopada andar a tentar apanhar um pokemon 10, 20, 30 vezes! E havia sempre a esperança de a técnica de um ser mais eficaz que a do outro. Só que as técnicas de cada um eram uma risota! E grande parte delas era uma imitação mais exagerada da técnica anterior. Quem visse de fora poderia pensar que estávamos malucos: na tentativa de capturar um pokemon difícil de capturar, nós quase batíamos no game boy! Alguns metiam-no debaixo do joelho (para o pokemon ficar preso, presumivelmente); outros, encostavam o Game Boy à cabeça com toda a força; outros ainda o encostavam à cabeça com força e corriam pelo recreio de olhos fechados (sim, corriam com os olhos fechados!). E éramos capazes de ficar naquilo durante uma meia hora! E isto quando era um pokemon normal. Depois havia o misterioso Missingno...
Para quem não conhece, "o" Missingno é um famoso mistério dos primeiros jogos Pokemon. Se digo mistério, é porque aquela coisa aparece geralmente com uma imagem desfocada e faz coisas muito estranhas ao Game Boy e à mochila do protagonista do jogo. Há muitas teorias, mais ou menos oficiais, sobre quem ou o quê era o Missingno. De qualquer maneira, o mistério parecia aliciar as crianças, pois muitos portadores de Game Boys queriam apanhar o famoso Missingno! E isto torna-se ainda mais estranho se nos lembrarmos que havia uma lenda da escola que dizia que era muito perigoso apanhar o Missingno! Dizia-se que era um vírus horrível e que quem o apanhasse ficava sem jogo, porque o vírus apagava tudo! Porque quereriam, então, apanhar o Missingno? É que ele nem sequer era uma particular fonte de poder! Mas enfim...eu só assistia, não era minha escolha tentar apanhar aquela coisa...
O Missingno fazia coisas muito estranhas, não há dúvida. Lembro-me de o ter visto atacar um Onix de um colega meu com uma pistola de água. Mas ainda não contei a história mais engraçada sobre ele! É que, apesar de ser possível capturar o Missingno, ele aparecia numa zona onde também apareciam outros pokemons. E não vinha de mão beijada; era preciso procurá-lo. Então, nós fazíamos claque para ver procurar o Missingno. Geralmente, o que aparecia era um Clefable ou outros pokemons que não deviam aparecer no mar. Então, nós inventávamos técnicas para o fazer aparecer! Técnicas que não funcionavam e tinham pouca lógica. A mais notória era um (ou mais) rapaz que gritava para o recreio: "Missingno, aparece!". E não estou a brincar; eles gritavam, mesmo! E que mais? Bem, também fazíamos apostas. Apostas sobre o pokemon que ia aparecer a seguir! Às vezes apostávamos todos no Missingno, outras vezes nenhum apostava nele! Nenhuma funcionava! Finalmente, na minha lógica de criança, eu sugeri outro método: sugeri que insultássemos o Missingno para ele ficar danado e aparecer para lutar! E não é que a claque aceitou a sugestão?! Pois é: durante um tempo lá ficámos a insultar o pobre pokemon (?) com crises de identidade. Eu, como não queria dizer asneiras, comecei por lhe chamar "estúpido", mas os rebeldes da claque, com os seus verdes 8 ou 9 anos, começaram logo "Aparece, minha filha da p***!"
Pois é; ghettos, gritos, discussões, asneiras, figuras tristes...muitas histórias divertidas nos deixaram os jogos Pokemon. Mesmo em casa, eu costumava fechar o meu Game Boy Color (recebi-o mais tarde) numa gaveta para o pokemon não fugir!
Ah, o doce mistério do Missingno...
Para quem não conhece, "o" Missingno é um famoso mistério dos primeiros jogos Pokemon. Se digo mistério, é porque aquela coisa aparece geralmente com uma imagem desfocada e faz coisas muito estranhas ao Game Boy e à mochila do protagonista do jogo. Há muitas teorias, mais ou menos oficiais, sobre quem ou o quê era o Missingno. De qualquer maneira, o mistério parecia aliciar as crianças, pois muitos portadores de Game Boys queriam apanhar o famoso Missingno! E isto torna-se ainda mais estranho se nos lembrarmos que havia uma lenda da escola que dizia que era muito perigoso apanhar o Missingno! Dizia-se que era um vírus horrível e que quem o apanhasse ficava sem jogo, porque o vírus apagava tudo! Porque quereriam, então, apanhar o Missingno? É que ele nem sequer era uma particular fonte de poder! Mas enfim...eu só assistia, não era minha escolha tentar apanhar aquela coisa...
Curiosos em relação ao Missingno? Têm aqui um
tratado completo feito por um grande fã de Pokémon!
O Missingno fazia coisas muito estranhas, não há dúvida. Lembro-me de o ter visto atacar um Onix de um colega meu com uma pistola de água. Mas ainda não contei a história mais engraçada sobre ele! É que, apesar de ser possível capturar o Missingno, ele aparecia numa zona onde também apareciam outros pokemons. E não vinha de mão beijada; era preciso procurá-lo. Então, nós fazíamos claque para ver procurar o Missingno. Geralmente, o que aparecia era um Clefable ou outros pokemons que não deviam aparecer no mar. Então, nós inventávamos técnicas para o fazer aparecer! Técnicas que não funcionavam e tinham pouca lógica. A mais notória era um (ou mais) rapaz que gritava para o recreio: "Missingno, aparece!". E não estou a brincar; eles gritavam, mesmo! E que mais? Bem, também fazíamos apostas. Apostas sobre o pokemon que ia aparecer a seguir! Às vezes apostávamos todos no Missingno, outras vezes nenhum apostava nele! Nenhuma funcionava! Finalmente, na minha lógica de criança, eu sugeri outro método: sugeri que insultássemos o Missingno para ele ficar danado e aparecer para lutar! E não é que a claque aceitou a sugestão?! Pois é: durante um tempo lá ficámos a insultar o pobre pokemon (?) com crises de identidade. Eu, como não queria dizer asneiras, comecei por lhe chamar "estúpido", mas os rebeldes da claque, com os seus verdes 8 ou 9 anos, começaram logo "Aparece, minha filha da p***!"
Pois é; ghettos, gritos, discussões, asneiras, figuras tristes...muitas histórias divertidas nos deixaram os jogos Pokemon. Mesmo em casa, eu costumava fechar o meu Game Boy Color (recebi-o mais tarde) numa gaveta para o pokemon não fugir!
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